Nesta exposição os dois artistas reuniram alguns aspectos presentes em suas pesquisas individuais, e a partir destas, desenvolveram criações e outras relações, dando conta das transformações dos espaços de vida aos quais são confrontados. Utilizando-se de diferentes meios eles puderam conversar, mostrar e articular impressões colhidas, imagens e reflexões produzidas a partir de suas vivências no bairro Petrópolis em Porto Alegre, onde residem desde 1994, pontuando-as literalmente por pausas e outros elementos numa interrogação sobre o devir urbano. Em Prosa de Jardim 2 foram utilizados diversos materiais, imagens e objetos coletados ― incluindo nos procedimentos de realização de desenhos e imagens a participação especial de Julia e Marina dos Santos Fervenza ―, enfatizando processos de apresentação, e tecendo uma relação com o espaço expositivo. A exposição ocupou todo o térreo da grande casa do Museu de Arte de Joinville e permitiu aos artistas ampliar as questões colocadas na precedente Prosa de jardim, realizada em 2007, em Montenegro. Nesta segunda edição foram introduzidos outros procedimentos, tais como a indexação poética de termos e frases adesivadas em locais específicos do lugar, uma das mais antigas residências de Joinville. O percurso estabelecia uma conversa com esta casa, bordejada por um magnífico jardim. As criações e intervenções ali efetuadas interagiam de forma peculiar, tanto com o espaço expositivo interno ― as paredes, as janelas e o chão ― quanto com as ambiências externas, constituindo um espaço permeável e poroso. Tornavam-se assim permeáveis não somente os trabalhos dos dois artistas, produzindo um terceiro termo, outra situação, mas também o dentro e o fora, a casa que abriga o museu, o jardim e vice-versa. Essa permeabilidade se revelava também nas inquietações sobre o que seja ou não considerado arte, sobre sua aparência ou seus limites físicos, quando, por exemplo, um simples vaso com jasmim é depositado pelos artistas na varanda do museu. Além disso, na exposição se produzia o contato entre tempos diferentes: o que já foi ou o que não é mais, se atualizando num diálogo com o presente e com as interrogações sobre o futuro. Casas, espaços e construções que não podem mais ser vivenciadas diretamente, pois já não existem mais, podiam por outro lado, ser relembradas e repensadas a partir do encontro com este lugar. Um espaço outro então assim se formava ao receber imagens e recordações, se formava na abertura ao encontro e aos percursos de quem visitava a exposição. Hélio Fervenza e Maria Ivone dos Santos |
||