Pontuações Veiculadas Proposição, 2005. Numa ocasião, em 2005, eu estava trabalhando com diversos tipos de vírgulas recortadas em vinil adesivo para a exposição “Primeiras apresentações e pontuações recentes”, que realizei no Museu Victor Meirelles em Florianópolis. Experimentei colar uma delas na sola do sapato, e ao caminhar me veio a sensação de estar fazendo pontuações em deslocamento. Era um trabalho que se realizava à cada vez que eu me deslocava, e que se inseria entre os espaços e os signos do mundo. Ele podia ocorrer à qualquer instante, em qualquer situação. As possibilidades que o trabalho abria, suas indeterminações, as relações que estabelecia entre o andar e o pensamento, tudo isso me fascinava muito, me dava muito entusiasmo. E ao mesmo tempo, era um trabalho quase nada, quase invisível, imperceptível a maior parte do tempo. Lembro que na abertura da exposição no Vítor Meirelles houve uma conversa com os visitantes. Eu estava sentado numa cadeira, e ao cruzar a perna, a vírgula apareceu na sola. Algumas pessoas me disseram depois que pensaram que aquilo havia sido uma performance silenciosa, uma performance que não havia sido anunciada mas que ocorria sutilmente em meio à fala e ao encontro. Pode não ter sido, mas acho mesmo que foi uma performance, involuntária, não estava prevista. Percebi que a proposição se abria para este tipo de situação imprevisível e indefinível. |
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